01 março, 2011

Estrasburgo, França?

A crise de identidade desta cidade, hoje francesa e assento do parlamento europeu, ao longo da história começa no nome alemão, continua nas línguas que se falam na rua e nos nomes que se dão aos restaurantes, segue na cohabitação de catolicismo e protestantismo, e vai mais longe ainda na preferência dada à cerveja. O vinho é para os outros franceses.



Já quanto aos queijos, um restaurante que se gaba de oferecer a maior variedade do mundo, com vários menus de degustação, é bem francês (e recomendado).



Sem o metro de superfície poderia pensar-se que o centro histórico - a Grande Île, património da Unesco - era uma recriação de uma cidade medieval. As pontes de pedra sobre o Ill (não havia nome com grafia mais clara?), a catedral, as ruas estreitas e as traves de madeira diagonais entre paredes toscas parecem inalteradas desde o século XV. Com tanta pedra antiga, seria difícil adivinhar que, entre guerras mundiais e outras anteriores, a cidade sempre se entreteve a ser ocupada e negociada entre francese e alemães.



Menos quinhentista é o TGV, que em duas horas liga Paris à capital da Alsácia. Como português, estranhei a descoberta de que o TGV é um comboio rápido. Já me tinha habituado a pensar nele como um ente vago protagonista de discussões políticas.