A crise de identidade desta cidade, hoje francesa e assento do parlamento europeu, ao longo da história começa no nome alemão, continua nas línguas que se falam na rua e nos nomes que se dão aos restaurantes, segue na cohabitação de catolicismo e protestantismo, e vai mais longe ainda na preferência dada à cerveja. O vinho é para os outros franceses.
Já quanto aos queijos, um restaurante que se gaba de oferecer a maior variedade do mundo, com vários menus de degustação, é bem francês (e recomendado).
Sem o metro de superfície poderia pensar-se que o centro histórico - a Grande Île, património da Unesco - era uma recriação de uma cidade medieval. As pontes de pedra sobre o Ill (não havia nome com grafia mais clara?), a catedral, as ruas estreitas e as traves de madeira diagonais entre paredes toscas parecem inalteradas desde o século XV. Com tanta pedra antiga, seria difícil adivinhar que, entre guerras mundiais e outras anteriores, a cidade sempre se entreteve a ser ocupada e negociada entre francese e alemães.
Menos quinhentista é o TGV, que em duas horas liga Paris à capital da Alsácia. Como português, estranhei a descoberta de que o TGV é um comboio rápido. Já me tinha habituado a pensar nele como um ente vago protagonista de discussões políticas.
lain:cobs +copenhaga
provavelmente o meu melhor blog
01 março, 2011
18 fevereiro, 2011
Penhasco de Giz
Na ilha de Møn, no mar Báltico, a sul da Zelândia. 6km estas falésias brancas, formadas pela pressão dos glaciares e visíveis desde um degelo há 11.000 anos.
Muitos pintores dinamarqueses se entretiveram a pintá-lo e por causa dele todos os anos o munícipio de Møn, com os seus 12.000 habitantes, é visitado por um quarto de milhão de turistas.
Muitos pintores dinamarqueses se entretiveram a pintá-lo e por causa dele todos os anos o munícipio de Møn, com os seus 12.000 habitantes, é visitado por um quarto de milhão de turistas.
29 janeiro, 2011
Mar gelado
Quando as temperaturas abaixo de congelador se instalam, os mares menos agitados endurecem. Em Karrebæk, pequena localidade turística no sul da Zelândia abrigada pela baía de Smålandsfarvandet, as águas tranquilas de Janeiro dão lugar a uma enorme praia de gelo. Os turistas diário devem poder contar-se pelos dedos de uma mão, mas fica o aviso de que o windsurf não é permitido.
05 janeiro, 2011
Pausa Natal
17 dezembro, 2010
Dude, where's my bike?
Homenagem simultânea à muita neve que cobriu Copenhaga em Novembro e Dezembro e a um dos filmes mais idiotas da história do cinema.
1. bicicleta em pátio interior no bairro de Østerbro
2. ER-6f, Kawasaki, modelo de média cilindrada em versão de Inverno
3. e 4. Dude, Where's my Car (2000), de Danny Leiner, protagonizado por Ashton Kutcher e Sean William Scott.
1. bicicleta em pátio interior no bairro de Østerbro
2. ER-6f, Kawasaki, modelo de média cilindrada em versão de Inverno
3. e 4. Dude, Where's my Car (2000), de Danny Leiner, protagonizado por Ashton Kutcher e Sean William Scott.
29 novembro, 2010
Revolta silenciosa: neve em Copenhaga
Apesar da sua latitude, Copenhaga não tem muitos dias de Inverno de frio extremo (abaixo dos -10, vá...). As correntes atlânticas e a proximidade do mar tornam a cidade relativamente pouco fria para os 55 graus de latitude que a separam do equador. A neve é uma realidade banal no Inverno de Copenhaga, mas tanto pode cobrir a cidade durante duas ou três semanas, como dois ou três meses.
O Inverno de 2009/2010 é lembrado pelos "Copenhaguenses" como um dos mais frios de que há memória, e com quantidades de neve de fazer inveja a qualquer clima continental - como comprovei aliás na minha primeira visita. O de 2010/2011 trouxe neve precoce: em meados de Novembro já o primeiro nevão ameaçava outro Inverno respeitável. Janeiro e Fevereiro são, em regra, os meses mais brancos. O próprio Natal é menos vezes passado sob a clássica alvura nórdica do que se podia imaginar, e por isso a chegada de nevões em Novembro foi estranha para todos.
A neve causa irritação na maioria dos locais, pelos inconvenientes diários e pela frustração de não ter grande utilidade lúdica, já que o país não tem montanhas. Por outro lado, traz uma claridade muito bem vinda numa altura do ano em que o sol aparece (pelo menos quando as nuvens deixam) apenas entre as 9h e as 16h. Mas essa claridade não parece impressionar particularmente os revoltados cidadãos, perturbados nos seus afazeres diários pelas detestáveis acumulações brancas.
Quando neva, a cidade ganha um silêncio único. As pessoas falam menos, carros e bicicletas abrandam, o tapete claro amortece tudo o que toque no chão. Uma verdadeira paz podre, sabendo como a maioria dos locais se sente em relação ao assunto.
O Inverno de 2009/2010 é lembrado pelos "Copenhaguenses" como um dos mais frios de que há memória, e com quantidades de neve de fazer inveja a qualquer clima continental - como comprovei aliás na minha primeira visita. O de 2010/2011 trouxe neve precoce: em meados de Novembro já o primeiro nevão ameaçava outro Inverno respeitável. Janeiro e Fevereiro são, em regra, os meses mais brancos. O próprio Natal é menos vezes passado sob a clássica alvura nórdica do que se podia imaginar, e por isso a chegada de nevões em Novembro foi estranha para todos.
A neve causa irritação na maioria dos locais, pelos inconvenientes diários e pela frustração de não ter grande utilidade lúdica, já que o país não tem montanhas. Por outro lado, traz uma claridade muito bem vinda numa altura do ano em que o sol aparece (pelo menos quando as nuvens deixam) apenas entre as 9h e as 16h. Mas essa claridade não parece impressionar particularmente os revoltados cidadãos, perturbados nos seus afazeres diários pelas detestáveis acumulações brancas.
Quando neva, a cidade ganha um silêncio único. As pessoas falam menos, carros e bicicletas abrandam, o tapete claro amortece tudo o que toque no chão. Uma verdadeira paz podre, sabendo como a maioria dos locais se sente em relação ao assunto.
02 novembro, 2010
Insólitos de Malmö
Em tempos a maior cidade dinamarquesa, a cidade vizinha de Copenhaga, do lado de lá do estreito de Öresund, é parte da Suécia desde o século XVII e actualmente a terceira maior cidade deste país. Tem umas praças agradáveis, pelo menos um imigrante português que trabalha numa garagem e uma frequência muito peculiar.
Modelos de automóveis únicos, noivas em fuga e nadadores perdidos compõem uma lista de cenas bizarras.
Modelos de automóveis únicos, noivas em fuga e nadadores perdidos compõem uma lista de cenas bizarras.
12 outubro, 2010
Luz ao fundo do túnel
Considerado o melhor sistema de metropolitano do mundo (agora não me lembro bem por quem), o metro de Copenhaga liga o aeroporto ao centro da cidade em 15m por umas poucas coroas. As plataformas das estações estão vedadas para as linhas - as portas abrem apenas quando chega o comboio, que pára mesmo no sítio - os metros partem religiosamente a cada quatro e minutos e não têm maquinista. A frente das composições é um vidro, de onde se podem matar saudades do comboio fantasma da Feira Popular, do Indiana Jones e de um bom FPS futurista.
Em baixo, viagem grátis.
Em baixo, viagem grátis.
28 setembro, 2010
Bergen e o bacalhau da Noruega
1. Português na sua banca do mercado do porto de Bergen; 2. o porto; 3. e 8. recantos da arquitectura; 4., 5. e 7. Bryggen, arquitectura da Liga Hanseática e património mundial UNESCO; 6. tinha estado a chover; 9. reacção; 10. mais chuva para todos; 11. companhias ao pequenos almoço
A segunda maior cidade da Noruega tem um arquitectura pitoresca, um grande e velho porto de fjord e um mercado de peixe e marisco - cheio de iguarias e portugueses, espanhóis e italianos a fazer a época de Verão do mercado pelos salários apetecíveis. Na costa sudoeste do país, o porto de Bergen já foi dos mais importantes para o comércio europeu, nos tempos da Liga Hanseática.
Bergen foi, no final da Idade Média, capital da Noruega, catapultada economicamente pelo comércio do bacalhau seco - e da Noruega. O velho cais é hoje património da humanidade, pelo charme do bairro de casas de madeira, ocupadas por bares e restaurantes, onde antes eram lojas e residências de luxo de navegadores-comerciantes abastados.
A cidade é o alvo preferido dos Noruegueses para anedotas sobre o clima (e o clima é o tema de conversa mais frequente para qualquer povo escandinavo), nem tanto pelo frio, mas devido às chuvas frequentes, que chegam a acontecer diariamente durante mais de três meses seguidos.
Uns não gostaram da cidade porque esteve sempre a chover (e tiveram reacções invulgares); outros quiseram fugir da tentação das lojas de vinis; outros ainda foram surpreendidos pela agressividade da companhia ao pequeno almoço; uns deslumbraram-se em busca da sobremesa; e os mais novos começaram aqui a passar a mensagem de que estar várias horas do dia dentro de uma cadeira de bebé de automóvel é capaz de não ser agradável.
A segunda maior cidade da Noruega tem um arquitectura pitoresca, um grande e velho porto de fjord e um mercado de peixe e marisco - cheio de iguarias e portugueses, espanhóis e italianos a fazer a época de Verão do mercado pelos salários apetecíveis. Na costa sudoeste do país, o porto de Bergen já foi dos mais importantes para o comércio europeu, nos tempos da Liga Hanseática.
Bergen foi, no final da Idade Média, capital da Noruega, catapultada economicamente pelo comércio do bacalhau seco - e da Noruega. O velho cais é hoje património da humanidade, pelo charme do bairro de casas de madeira, ocupadas por bares e restaurantes, onde antes eram lojas e residências de luxo de navegadores-comerciantes abastados.
A cidade é o alvo preferido dos Noruegueses para anedotas sobre o clima (e o clima é o tema de conversa mais frequente para qualquer povo escandinavo), nem tanto pelo frio, mas devido às chuvas frequentes, que chegam a acontecer diariamente durante mais de três meses seguidos.
Uns não gostaram da cidade porque esteve sempre a chover (e tiveram reacções invulgares); outros quiseram fugir da tentação das lojas de vinis; outros ainda foram surpreendidos pela agressividade da companhia ao pequeno almoço; uns deslumbraram-se em busca da sobremesa; e os mais novos começaram aqui a passar a mensagem de que estar várias horas do dia dentro de uma cadeira de bebé de automóvel é capaz de não ser agradável.
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